Os heróis não se entregam
(Counterpoint - 1968)
Drama de guerra.
Diretor:Ralph Nelson
Diretor:Ralph Nelson
Com: Charlton Heston, Maximilian Schell, Kathryn Hays, Leslie Nielsen, Anton Diffring
De nada adianta alegarem que são "não-combatentes", muito menos músicos de renome internacional. Todos são "condenados" à morte por um oficial alemão, mas, quando já se perfilavam diante do batalhão de fuzilamento, o General-comandante (um homem culto, aficionado por música erudita) reconhece o prisioneiro-maestro e resolve adiar a execução em troca de uma performance da orquestra.
O maestro decide ganhar tempo para ver se conseguem algum jeito de escapar e vai desconversando, negando a princípio, alegando que precisam treinar constantemente, etc. As coisas se complicam quando os músicos descobrem que dois soldados americanos haviam se misturado aos elementos da orquestra e precisam se esconder. Traçam, então, um plano de fuga, que deverá contar com a ajuda da resistência belga infiltrada no castelo.
O maestro, interpretado por Charlton Heston, é uma lenda internacional, dotado de forte personalidade e liderança. Por sua vez, o General alemão, bastante jovem para o cargo, tem personalidade semelhante. Começa então um interessante embate psicológico mantido entre ele e o General (Maximilian Schell), evidenciando-se ambas as personalidades instigantes - cultos e egocêntricos.
Curiosidades:
- O General alemão vivido por Maximilian Schell foi provavelmente inspirado no General Hasso-Eccard Freiherr von Manteuffel que, de fato, atuou nas Ardenas e era jovem para o cargo (47 anos, à época).
- Apresentam-se no filme os comandos treinados pelo lendário agente alemão Otto Skorzeny, formado por jovens que falavam inglês fluentemente e se travestiam com uniformes americanos, causando confusão no front das Ardenas.
- Um dos soldados infiltrados na orquestra fingia tocar no ensaio, quando um oficial alemão desconfiou dele por ser um músico muito jovem e ordenou que tocasse algo sozinho; todos ficam apavorados, mas o soldado começa de fato a tocar uma das poucas que ele havia aprendido de ouvido quando estudante - o hino americano - deixando o oficial alemão convencido e irritado.
- Há uma cena curiosa, em que o maestro é obrigado (vestindo um smoking) a usar uma metralhadora, um artista que supostamente nem saberia sequer pegar numa arma.
A curiosidade fica pelo fato de ser citada essa incapacidade do maestro no filme, enquanto o ator - Charlton Heston - era, na realidade, um dos líderes da NRA - a famosa associação de armas americana e, claro, um expert em armamentos.
- As performances Charlton Heston e Maximilain Schell são inesquecíveis bem como a trilha sonora repleta de obras primas da música erudita, com referências a Wagner... dentro dessa visão de "contraponto" (of course). Tocar Wagner para os alemães ouvirem é moeda de troca para o maestro. (Richard Wagner, divinizado pelos nazistas, foi um compositor alemão do século 19 que colocava judeus como os vilões de suas óperas).
- Não é exatamente uma película para quem gosta de "filmes de guerra". Há críticos que consideram a história inverossímel. De fato, trata-se de um drama, de uma ficção, e o principal "personagem" do filme são os diálogos do roteiro mantidos entre ambos os personagens principais - de Heston e Schell, recheados de referências culturais e morais - daí o título "Counterpoint" (contraponto) - talvez uma metáfora de comparação e/ou contraponto entre os dois lados do conflito mundial, suas semelhanças e diferenças.
Oriza Martins//
MEGALISTA de filmes sobre a Segunda Guerra Mundial
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