Certamente o século XX ficará eternamente marcado na história alemã. Além de guerras, tragédias, ditadura e genocídios, o período ofereceu uma série de histórias controversas e que, de tão impressionantes, parecem ficção. Uma delas é apresentada no documentário alemão A Vida e o Tempo de Max Lorenz (Wagners Meistersänger, Hitlers Siegfried - Auf den Spuren von Max Lorenz, 2008)
Dirigido pela dupla Eric Schulz e Claus Wischmann, o filme conta a história de Max Lorenz, tenor favorito de Adolf Hitler. Contra todas as expectativas, sua biografia revela detalhes curiosos para quem era um cantor admirado pelo führer: além de homossexual, era casado com uma judia.
Narrado por Ian Dickinson e Thomas Strauss, a produção conta que Lorenz, aclamado como o melhor intérprete de Wagner, e considerado um rei no tradicional Festival de Bayreuth, envolveu-se em um escândalo no auge de seu sucesso: flagrado com um treinador em uma época na qual o homossexualismo era crime, foi submetido a julgamento.
Ameaçado de não poder mais cantar, ele recebeu ajuda de Winifred Wagner, nora do próprio Richard Wagner – e responsável pelo Festival de Bayreuth. Ela defendeu publicamente que “Bayreuth não existiria sem Lorenz”. Com isso, o tenor recebeu uma autorização especial para sua homossexualidade, bem como para suas relações com o povo judaico. Após lutar para estender a proteção a sua esposa, o cantor também usou de suas influências para ajudar amigos judeus.
Com o final da guerra, Max Lorenz ficou marcado como nazista. Assim, decidiu imigrar para a Áustria e fez da Ópera Estatal de Viena sua base artística. Mentor de jovens como King James e Jess Thomas, seguiu com voz impecável até se aposentar, em 1963. Embora tenha expressado no palco a dor gerada por conflitos sexuais, psicológicos e políticos, acabou por se esconder dos holofotes em seus anos finais. O famoso tenor morreu em 1975, em Salzburg, na Áustria.
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